sexta-feira, 20 de junho de 2008

A Última Canção


Eis que se ouve ao longe o cantar do pássaro. Seu pio fino e macio, sereno, de uma solidão sem fim, é digno de uma manhã que sai. Ó pobre pássaro que canta, talvez, a censura de suas asas, pois, sua casa é feita de grades e sua vida é feita de graças, ou, a dor do amor que nunca teve, cante que os males espanta. Seu “dono” aparece, às vezes, e canta e pia também, serve sua comida e fecha sua vida definitivamente. Todos os dias são assim, a mesma casa, a mesma música, a mesma Tristeza e o passarinho vai ficando velho e suas penas vão caindo. As horas vão voando como uma ironia do destino....... Seus víveres vão para o sul como sempre se fez sua vontade seu desejo incontido.
Um belo dia, a comido estando prestes a entrar na cabana, sua porta se abre num descuido do dono. Ele observa com atenção a janela da vida que se forma imaginando ali sua liberdade. Antes mesmo que o dono percebesse o passarinho sai, e foge com todo velocidade que suas asas podem bater, e voa,voa, voa, voa e táaaa.... ouve um estalo seco de uma espingarda e sente uma pressão quente e amarga de chumbo que corta seu peito e divide seu coração em pedaços. Ele sente o tempo girar e cai, na certeza de que mesmo pequeno a morte não é humilde, e conclui: quem me dera não ter nascido.

Um comentário:

Unknown disse...
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