sexta-feira, 20 de março de 2009

Tempo nosso de cada dia

O dia bem que poderia ter 28 horas, talvez 30. Do ponto de vista do bom brasileiro, isso me permitiria ficar mais tempo na cama ou tomar banho de praia depois do trabalho. O certo é que 24 horas não é mais tempo suficiente para as atividades de um dia.
Acho que se tivesse mais tempo, dedicaria uma tarde inteira a coisas fugidias. Não fumaria um cigarro apenas, mas uma carteira. Também iria escrever mais cartas para mamãe. Tenho saudades de mamãe, seu quintal, sua cozinha suas lembranças. Mas meu trabalho não deixa me consome de corpo, alma, tempo e seja lá o que tiver guardado nas gavetas. Se tivesse mais tempo, compartilharia parte do meu dia ao lado das pessoas que gosto. Voltaria à rotina dos bares com os amigos; iria mais vezes ao cinema e ao teatro e acompanharia os diários com mais freqüência. Com mais tempo, transformaria minha vida num arquivo bem organizado e trocaria as xícaras de café pelas refeições costumeiras. Arrumaria minha biblioteca, meu escritório, meu guarda-roupa.
Acho que com toda essa preocupação de que tempo é dinheiro e dinheiro é poder, deixamos de lado os pequenos detalhes importantes da vida, que o diga minha esposa e filhos que reclamam minhas constantes ausências. Damos crédito ao retorno imediato das atividades do trabalho e não queremos, em hipótese alguma, desperdiçar mais o nosso tempo. Assim as festas de aniversário vão ficando guardadas na lembrança, e aquelas tão esperadas férias ficam sempre para o ano que vem.
A propósito, acho que tenho dedicado demasiado tempo a esse texto, na tentativa frustrante de relatar nossa preocupação em sempre achar que estamos perdendo tempo, que, aliás, já me consumiu quase um dia inteiro, desde a idéia de escrevê-lo até as palavras que acabo de relatar.
Esse tempo (in)disponível gasto com tudo isso era mais do que necessário para carimbar os diversos processos arquivados na minha mesa, por isso acho melhor dar o texto por concluído e cuidar no meu trabalho.