sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Tragédia da Vida Moderna

Romeu entra armado com um revólver calibre 32 no apartamento da ex-namorada e a faz refém com mais três amigos. Eis o desfecho de nosso romance mais verdadeiro.
Do outro lado da rua, a mão de Julieta desmaia de tanto pavor e medo. É a história de um amor moderno para tempos modernos.
Julieta se apaixona desde muito jovem pelo belo Romeu, rapaz simples de uma bela cidade brasileira, atormentado apenas pelo fluxo intenso característico das grandes metrópoles. Aqui, nada de conflitos entre duas famílias tradicionais, somente a realidade comum dos nossos jovens apaixonados.
Nossas personagens não moram em castelos encantados, mas em apartamentos fechados, que dividem com vários conhecidos de prédio, não de nomes.
Sentem na pele as aflições de um trânsito congestionado, da poluição, da necessidade capitalista de se viver e uma cidade, e nem estavam determinados a viverem juntos para sempre. Os novos amantes não cumprem votos de fidelidade, amam em um dia, no outro esquecem.
São amantes que pagam impostos, andam de ônibus -metrô talvez- gostam de cinema e pipoca, e no final de um dia cansativo de trabalho ligam a TV para contemplarem a ilusão que é suas vidas.
Talvez ninguém acreditasse no desfecho que teve esse amor, mas a tragédia não fugiu ao destino, pois o certo é que Romeu, enfurecido pelo abandono, acertou Julieta com um tiro de revólver. Infelizmente ela não resistiu ao ferimento e morreu. Foi sepultada numa tarde de domingo, somente lágrimas e rosas ficaram sobre a terra.
Romeu está detido e aguarda julgamento. Condenado, poderá ser preso, mas em um ano e meio talvez algum decreto permita pena em regime semi-aberto, então viverá todos os dias que lhe restam de vida sem nenhum peso na consciência.